Sempre fui um tipo calado.
Nunca me deixei falar.
Que o que é pensado,
Sai sempre sem pensar.
Nesta música que abracei,
Deixei o porquê de criar.
Levando o resgatar do que crio,
Sem nunca musicar do que rio.
Conto-me em melancolias.
Conto-me em euforias.
É certo que a vida é aguarela,
Mas a graça que encontro nela,
Está no negro e na luz:
Dignos originários dessa paleta que nos seduz.
E por isso sou um tipo calado,
Num recado desconfortável,
De uma incalculável pasmaceira.
Estranho-me em momentos normais.
Quero estar mais perto do brilho,
Ou ficar pelo trilho do breu.
Onde dos demais sou mais eu.
Só recuso a passividade de uma certa incapacidade,
De mudar o sítio em que estamos.
Na urgência de passar esta inutilidade,
Que é não chegar ao lugar para onde vamos.
Recuso-me a viver fechado numa linearidade com controlo,
Com tanto de viciante como de entediante.
Como se a vida fosse revivida no consolo
De reviver uma recordação inexistente de origem pouco desviante.
No final, a vida terá sido o rasgo e a espora.
A recordação de viver sem a Demora.
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