segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Urge o Sentir!



Reino das trevas em cristal,
Onde ventanias provocam vendaval,
Lavas mórbidas exultantes,
Oh trevas retumbantes,
Onde largos olhos se transformam sem aval,
Onde corações se desconhecem imensos, logo errantes.

És tu raio-de-sol que amanhece meu dia,
Quem me desperta para mais dor,
Mais sofrimento e agonia.

És tu, lua-cheia,
Quem me leva em recordações e Pedidos!
Numa música tão cara, arrancada de semi-colcheia.

Vem... Dá a mão.
Olha, Sente, escuta dentro com atenção.
Laço, vem um nó que não pode ser desperdiçado,
É que se perde a vida não no tempo,
Mas no desperdício de um sentimento.
De uma razão largada ao requinte do errado.


No particular e no geral,
Nestes tempos... Pensar é tudo e a Razão é Deus.
O abstracto do sentido é ignorado.
Urge o SENTIR! Ridicularizado.
Um fenómeno mundial,
Em que (sozinho) o estúpido e idolatrado Raciocínio toma posse do sentimental.


sábado, 24 de novembro de 2012

Selado a Lacre









Tenho para ti uma carta a lacre selada.
Carta outrora escancarada,
Que se fechou, selou e se mantém actualizada.

Se te peço atenção (sabendo que em vão),
Serei capaz de te a ler outra repetida vez?
Levar pontapés, socos, ser atirado ao chão?
Será a carta ressuscitadora naquilo que lês?

Cada letra lá escrita,
Uma histeria contida.
Um sussurro gritado.
Como se o mundo pudesse assim ser alterado.

Se não te aceno (meio que sem sentido),
Não sigo. Não respiro.
Nem doente, nem deprimido.
Estou morto.

O coração acelera,
O sangue evapora,
O cérebro em "tilt"
E o juízo que nunca mora.

Em que estado e em que decisão me encontro?
Quem me dera saber.
Se de tudo o que queria era um reencontro,
Selado a lacre como na carta que tenho para te ler.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

A Tinta Permanente



Sigo teus passos em caminhos não pisados,
Sinto o teu perfume onde nem estivemos,
Sentimentos que procuras asfaltados.

Quebro a ignorância na inacção de que te moves,
De que vives, independente de um laço em que te dê a mão,
De que corres, independentemente da minha respiração.

Mas depressa se dá o baque.
Inglório sentimento estarrecido e abandonado a uma pulsação,
Que se torna (mais que na pretensão) num crescendo de confirmação.
Um sentimento mútuo de um lado em inflexão.

Movo-me entre dois cumes.
Uma faca de dois gumes.

Querendo, largado de um lado num remendo de irrealidade ao labor deixado,
Arremesso-me ao outro, sem ser perguntado, num oceano de saudade.

Porém, vejo a minha certeza certa, irremediavelmente correcta.
A qual um dia se verá ao sol, raiada do mesmo, mas renovado,
Um sentimento desprezado ao passado e ao presente,
Mas não inexistente,
Antes, do futuro olhado, considera-se renitente.
E no meu coração, a certeza de que no teu, só eu a tinta permanente.

 

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Afrodite

"Cansaço" é uma palavra forte.
"Cansaço" pode mudar o mundo:
Forçar o trabalho ou folgar extenuado de morte.
Desistir ou correr prego a fundo.

Quase inexistentes devem ser os "cansaços" que nos impedem,
Muitos são os que nos definem.
Quase inexistentes em Afrodite, onde nos excedem
Num dia. Onde no outro nos desinibem.

Um cansaço que enlaça o raciocínio,
Nos faz perguntar ao coração.
Que responde, dum alto escrutínio,
Que como sempre, nos tem na mão.

Foge, fica.
Sente, repele.
Luta, Abdica.
Ora salgado, ora doce como mel.

Afrodite é quem nos cria,
Quem nos lança, irriga,
Quem nos sussurra e quem nos guia.

Afrodite é quem nos dança o mundo,
Mas se no coração pescamos fundo,
Na mente seremos sempre um género imundo.

Cansaço não é desculpa para Afrodite,
Na verdade faz com que hesite,
Mas cansaço só pára o fugaz.

Cansaço não pára o amor, ora exuberante ora residual,
Cansaço não serve...
Afrodite faz em quem se atreve,
Onde o esforço é uma vitória e o deixar sentir, o destino triunfal.