segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Sou um Dado Viciado

Sou um dado viciado,
Seguindo caminhos desconhecidos.
Preferindo o danado,
Vincando sapatos, rasgando tecidos.

Sou um dado viciado,
Alternando dimensões,
Escolhendo arriscado,
Abordando temas, experiências, situações.

E todas as vias me levam a mim,
Nada me muda,
Um dado viciado, sou assim.

Nem o mundo que vemos diferente,
Nem a escolha, o corte tangente,
Te torna diferente.

Avancei cortando,
Num périplo de transformação,
Agora pensando,
Sou a mesma criação...

Por onde andemos vem lastro,
Ninguém o saberá existir,
Somente sendo um astro,
Somente quem o faça sumir.

Mas não me julguem engraçado,
Que por isso vazio,
Sou um dado viciado,
Meu próprio desvario.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Nem Desse Vosso Mundo Convexo

Por partes, seguirei.
Sou governado pela minha imperfeição.
Cometendo o mesmo erro, eu sei.

Um erro que me incomoda,
Num acto da razão absoluta,
Meu dizer é moda,
Uma teimosia puta.

Mas paremos para reflectir:
Não é o erro passado,
Do amigo cansado de corrigir,
Que nos dá alvará redobrado,
Para respeitar ou dormir,
Para o certo ou o errado.

Daqui segue-se em aviso merecido:
De modo algum servirei mais indiferenças,
Se se emprenha pelo ouvido.

Pois em consciência se encontra a razão:
De que o prazer se torna vício,
Quando largamos o respeito e a situação,
Por esse mero artificio.

Vulgar nos tornamos,
Quando o real deixamos,
Para nos embebedarmos,
Para nos ausentarmos.

Criaram esta relação em anexo.
Como se não sendo central,
Nem desse vosso mundo convexo,
Pudessem largar sem racional.

Eis a novidade:
Deixa de ser funcional.
Mesmo sem maldade forçada,
A indiferença mostrada, passa a ser meu racional.  

domingo, 11 de agosto de 2013

Terá de dar outras voltas


Já não és o inconsciente de outrora, 
O incontinente verbal, 
O triturador de falhas que chora. 

És um crítico intelectual 
Do teu próprio espaço. 
Um espectador magistral
De tudo aquilo que faço. 

Continuas a ter a noção, 
De que o tempo chega depois
Do toque da sua mão. 

Continuas a saber 
Que chegas antes do acontecer. 
Continuas a saber 
Quando deves fazer por merecer. 

Mas outrora foste ensinado, 
Que o mundo sentido assusta. 
Que é errado, 
Mais que custa. 

Portanto, 
Aquilo que é não pode parecer ser. 
Aquilo que nasce, não deve aparecer. 
Aquilo em que te soltas, 
Terá de dar outras voltas.