segunda-feira, 2 de junho de 2014

Carta de desculpa ao "Depois"














Não é certamente um problema teu.
Nem sequer de seres melhor,
Nem diferente do teu antecessor.

Simplesmente és "Depois" por existir um "Antes",
E nesses trajectos dantescos,
Limita-mo-nos a manter interessantes
Quaisquer futuros principescos.

Porque nos sentimos pedantes.
Sem te querer receber,
Mas sem querer voltar.

Desculpa por ser tão preguiçoso.
Não é minha intenção mandar-te embora,
Nem que me aches jocoso,
Permanecer cá dentro, deixando-te aí fora.

Só que não me movo como queria e não quero.
Não paro, e vou ficando e aqui espero.

Tende paciência que algum dia hei-de sair
Deste jogo de paciência,
Jogado comigo em que me deixei cair.
Onde me recordo do "Antes" pela cadência,
Onde me fecho nos olhos, sem dormir.

Ainda ontem te vi ao virar da esquina,
Ainda ontem de encontrei, de olhar doce, do outro lado da estrada.
Eras interessante, prometedora de aparência fina.
Vens todos os dias, de todas as formas - a errada.

É como te vejo.
Estou feito um dandy, uma almofada de sofá.
Incapaz de dar um beijo,
Sem sentir que não fiquei lá.

Desculpa mandar-te embora tantas vezes.
Tenho pensado que não serei caso único.
Dás-me um, dois meses?

Talvez uns dias.
Abro-te as portas, podes entrar.
"E aquelas coisas que sentias?"
Direi: "A partir de hoje, somos só dois ao jantar."

Desculpa.