quinta-feira, 13 de março de 2014

Onde o Meu Coração é Lento

E se o tempo fosse capaz
De um volte-face instantâneo.
Em que se levasse o que o mar traz, 
Em que se isolasse o momentâneo. 

Sei da tua morte, 
Crescendo no terreno da tua vida. 
Este presente de fino recorte, 
Trazendo aquela recordação suicida. 

Deixei-te lá para trás, 
Mas o tempo não sabe o que faz. 

Só me tolhe, vulgariza, racionaliza. 
No cárcere envidraçado que martiriza. 

Sorrias, passavas, voavas, seguias. 
E só no respirar me prendias. 

Indistinguível do que mereço, 
Não o quero, nem o peço... 
És uma discordância com consenso, 
Um café fraco, intenso. 

No fundo do amanhecer, 
Que te encontre algo novo. 
Faço-o por merecer, 
Mesmo seguido por este corvo. 

Numa estrada de vácuo vazio, 
Levo chapadas de vento, 
De um ardor frio.
Aqui onde me sento, 
Onde já só choro enquanto rio, 
Onde o meu coração é lento
E o olhar joga ao desafio: 
Peso o amor num momento, 
Segue-me o passado por um fio. 

E no nó ficou,
Infinitamente sem fim, 
Um amor que não sepultou 
Nenhuma das vidas em mim.

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