segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Tempo

















Tempo que nos separa da realidade.
Quem nos faz sentir o que vemos.
Quem nos cria superfícies de verdade.
De fundo em mentiras que cremos.

E nos triste sabor da melancolia,
Habito, livre, sabendo para onde iria,
Se o seu arrasto não se tornasse infinito.
Se o seu lastro não fosse um futuro que hesito
Acreditar, por ser tão longe.
Sem nitidez.
A errar, por ser tão perto.
Sabendo que fui eu quem o fez.

A luz de Afrodite,
Caiu tão atrás,
Que o coração admite,
Que a inexistência o satisfaz.

Tão passado que deixa de ser perceptível.
Achando-nos figurantes de matéria carnal.
De uma existência risível,
Por já não acreditarmos em tal.

Matéria de amor em que nos tornamos ateístas,
Figuras de passagem de um tempo tão longo,
Que nos deixou sem pistas.

Ele assim é.
Laça-nos lá e retorna-nos não se sabe bem onde.

Ele assim será.
Tentando acreditar que é mais que produto mental.

E nesta estação, espero por um comboio que tarda em chegar.
Olhando uma linha que não se mostra ao olhar.
Espero andando no cais infinito sem emoção.
Agarrado ao banco, agarrado ao coração.

Não sei se tardará.
Não sei sequer se virá.
 

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