sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

No Meio da Rua

E parou no meio da rua.
Sentou-se na pedra molhada da chuva miudinha. O vento batia-lhe na cara sem o incomodar. A cidade está deserta e a sua pessoa confunde-se com cada objecto presente naquele espaço.

A brisa gelada de inverno esculpe pequenos traços de gelo nas bochechas. Não se vê, mas ele sente.
O tempo parou e cada folha que cai esgota-lhe, a níveis cada vez mais profundos, a permanência numa realidade física.
Não se coíbe de entrar num drama metafísico. Nada lhe importa.
Ali: é ele e o tempo da sua escolha. Pousa uma mão no passado, com um pé dentro dessa felicidade. Pisa com o outro a ansiedade que faz do Homem um ser tão infeliz.
Sobra a mão com que solta no ar um futuro, que segue elevando a cabeça, seguindo com o olhar:
A esperança serena que deve caber a cada comum mortal, que como ele canta que o amanhã será Sol.

Recuando àquela rua, devolve-se ao concreto, sorrindo em tom sarcástico: Que partida o destino lhe pregou, não deixando que nada, nem ninguém o interrompesse.

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