sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Cala-te um bocadinho...

Chegas-me à porta meio aflita,
Que te falta o ar, o açúcar e a hortelã, 
Que se vai a luz e o cão do lado que te irrita, 
Que a crise não é tua cidadã!

Chegas-me à janela meio insegura, 
Que te acaba o gás, a água e o perfume, 
Que o amor se foi e o tesão ninguém te cura, 
Que "é o costume"!

Tenho os dois cães a ladrar, 
E não me dás descanso. 
Se te pudesses calar, 
Para te anunciar o quanto alcanço!

Não! 
Chegas-me ao carro toda assustada, 
Que te faltam mimos, a mini-saia, a televisão, 
Que se foi o dinheiro, tens a casa assaltada, 
"Ajuda-me! Compra-me uma mansão!"

Que alívio agora que te calas. 
"Vou ver do ladrão.
Protejo-te, mas vê se não falas!
Confesso-te que há meses te tenho no coração."

Prendes a fala com um beijo arrancado e um sorriso, 
Percebendo que me prendias 
A confissão do que sentias, 
Com a tua falta de siso. 

Por via das desgraças, 
Por ventura haverá ladrão. 
Não sou um tipo de "massas", 
Mas esta, é agora a nossa mansão. 

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