sábado, 17 de maio de 2014

O Amor veste-se com Camisa
















Não quero estar a desconsiderar a camisa, 
Mas é facto que de manga curta, 
É estranha e profetisa
Um desleixo meio inacabado:
Como sendo um triste alfaiate, 
Que preferindo o inesperado, 
Vende-as tentando o acicate, 
Esperando um comprador mal-informado.

Ofereceram-me algumas. 
E agora uso... nenhumas. 

Nunca gostei da camisa, 
Até ma oferecerem. 
Ainda hoje não gosto da camisa. 
Até ma quererem. 

Um paradoxo estilístico, 
No bom sentido da palavra. 
Porque são algo de místico. 
São algo para que não existe palavra. 

Uma branca, uma azul. 
As que me lembro de momento. 
Dizias que ficava "cool", 
Dizias que eram boas para o momento. 

Explicavas esse teu intento, 
Em mudar meu estilo patético. 
O desconforto que aquilo trazia, 
Deixou-me sempre céptico. 
Nunca gostei, fingia. 

Eu nunca gostei de manga curta na camisa. 
Ainda hoje não as visto. 
Em cada botão mora uma poetisa, 
Em cada ponto, um pouco disto. 

Amo as camisas. 
Mesmo que nunca me sejam precisas. 
Não são a roupa, são o passado em brisas.

Não gosto de camisas. 
Gosto daquelas. 
Amo as camisas. 
O Amor veste-se com elas. 

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