segunda-feira, 29 de abril de 2013

Ainda não me lembro de ti como és



Ainda não me lembro do nosso primeiro beijo. 

Da música que nos cercava,
A conversa que criou o ensejo, 
Dos olhos em tua boca que me olhava. 

Ainda não me lembro dos traços da vertigem, 
Ao subir o castelo da cidade, 
A paisagem que teus cabelos tingem,
Os calafrios da nossa novidade. 


Ainda não me lembro do mergulho conjunto, 
Da água que nos separava e juntava, 
Do abraço apertado tornando-se assunto, 
Da areia que pisava. 

Ainda não me lembro do cinema. 
Da luta de pipocas apaixonadas, 
Do empurrão ao "sem tema", 
Dos primeiros sentimentos em risadas. 

Ainda não me lembro do nosso choro. 
Do momento de dor unidos, 
Das mãos que se enlaçam em coro, 
Do mundo em que estivemos feridos. 

Ainda não me lembro de nada. 
Porque o passado é apenas presente
E o futuro se faz agora somente. 
Numa vida obtusa que parece errada. 

Ainda não me lembro de ti como serás, 
Porque a vida é uma réplica aperfeiçoada
Uma repetição melhorada, se assim a farás. 

Ainda não me lembro de ti como és: diferente. 
Sei que existes, igual, só então somente... 

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