sexta-feira, 15 de março de 2013

Ás vezes, o mundo é feito de papel

Ás vezes, o mundo é feito de papel.
O vento é o vento,
O sol é o sol,
O seu nascer não é mais um lago de mel.

A cor é a cor,
Os cheiros são os cheiros,
Uma flor, uma flor.

O acender dos candeeiros é apenas o respirar de uma rotina.
O abrir a cama um pedaço dela.
Sabemos o mundo que nos ensina,
Sabemos estes dias a sua aduela.



Reside agora numa palavra mais dura,
Num arrancar de gargalhada.
Num sarar a amargura.
Ser uma espécie de almofada.

Somos então felizes pelo que damos,
Pelo que apontamos.
Responsáveis por quem sempre esteve lá,
Por quem de novo aparece por cá.

Somos apenas nós próprios.
Num pleonasmo expressivo do que fomos.
Alojamo-nos nestes ópios,
Reforçando o que somos.

Somos só uma solidão durável e querida.
Que vive sozinha e interessada
Que ajuda da bancada.
Na felicidade dos que vêm mais vida.

Ás vezes, o mundo é feito de papel.
Vivemos do real e do que vemos acontecer.
Ás vezes, o mundo é feito de papel.
Até aquele sol tornar a nascer.

1 comentário:

  1. Sendo feito de papel, é preciso ter cuidado com os pontos de incêndio ou então estamos todos lixados!

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