Que te falta o ar, o açúcar e a hortelã,
Que se vai a luz e o cão do lado que te irrita,
Que a crise não é tua cidadã!
Chegas-me à janela meio insegura,
Que te acaba o gás, a água e o perfume,
Que o amor se foi e o tesão ninguém te cura,
Que "é o costume"!
Tenho os dois cães a ladrar,
E não me dás descanso.
Se te pudesses calar,
Para te anunciar o quanto alcanço!
Não!
Chegas-me ao carro toda assustada,
Que te faltam mimos, a mini-saia, a televisão,
Que se foi o dinheiro, tens a casa assaltada,
"Ajuda-me! Compra-me uma mansão!"
Que alívio agora que te calas.
"Vou ver do ladrão.
Protejo-te, mas vê se não falas!
Confesso-te que há meses te tenho no coração."
Prendes a fala com um beijo arrancado e um sorriso,
Percebendo que me prendias
A confissão do que sentias,
Com a tua falta de siso.
Por via das desgraças,
Por ventura haverá ladrão.
Não sou um tipo de "massas",
Mas esta, é agora a nossa mansão.