domingo, 6 de janeiro de 2013

Não posso contar-te o que tanto nunca soube...

Passa das duas da manhã.
Observo os minutos que parecem não ter fim. 
Foram fugazes os tempos em que iam com o vento. 

Passa das duas da manhã. 
A minha cabeça põe-te perto de mim. 
O meu coração procura locais em que te invento. 

Nunca soube tanto, 
Nunca me lembrei de tamanha imensidão, 
Nunca imaginei que tudo chegasse a tão real. 


Lembro a tua cara de espanto, 
Ao deixares cair pelo caminho o desenho ao chão. 
Os risos que trocámos, o gozo sem mal. 

Lembro, olhando para ti: 
"Não existe a tal pessoa, até que a encontramos." 
Teu coração corou. 

Lembro, senti...
A pancada de água dentro do carro: "Vamos!"
Todos molhados... Rimos, beijámos e o mundo emulsionou. 

Passa das duas da manhã. 
Não posso dizer-te o que tanto te repeti. 
Não posso contar-te o que tanto nunca soube. 

Passa das duas da manhã. 
Parei diante da porta em que me despedi. 
Em que nunca tanto amor coube. 

Não estavas lá. 
Não estás cá. 
Não sais daqui, nem daqui. 
Vou para lá.
Fujo para cá. 
A minha vida continua em ti. 

Passa das duas da manhã.
Quero esquecer que o mundo aconteceu. 
Quero partir desta esquizofrenia inebriante, intensa, sufocante.
Quero arrancar de mim este pedaço mesmo deixando de ser eu. 
Quero voar para longe deste amor, que para amar por escolha só tem um amante. 

Passa das duas da manhã. 
Penso que foi, mas não só... 
Aqui este amor enredado numa teia. 
Fechei a porta e já estou só. 
Na tua silhueta que se repete. 
A casa está cheia. 
Sigo, mas sabes a chave no tapete.  

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