domingo, 20 de janeiro de 2013

Encontrei uma Pedra

Há alguns meses atrás estava eu num jardim. Era o jardim mais bonito que já vira. O jardim mais perfeito. As flores eram incontáveis, o sol brilhava, os canteiros estavam sempre perfeitos. Pássaros rasavam a minha cabeça. Chilreavam nas árvores. Era o jardim mais bonito e mais perfeito de sempre.

E quando, de mão dada, andava com os pés a tocarem a relva molhada, tropecei num pedra. Era uma pedra normal. Nem muito grande, nem muito pequena. Era apenas uma pedra.

Voltei no dia seguinte ao jardim. E examinei a pedra. De repente dei por mim frente-a-frente com uma rocha. Não era uma simples rocha. Era um menir. E esse menir era afinal tão grande e tão alto que mais parecia uma montanha. E comecei a partir a rocha. Com um martelo fui partindo. Fui esculpindo. E levou horas...

O trabalho não terminou por ali. Voltei noutro e noutro dia. E finalmente consegui chegar ao centro da rocha! Parti, rebentei, esculpi, martelei. Não deixei nada por partir até chegar ao núcleo daquela montanha de rocha. E quando aí cheguei... Encontrei mais rocha? Perguntará o leitor com toda a sapiência e lógica que de facto teria. Mas para minha e sua surpresa: não. E que encontrei eu, se não se tratou de mais rocha? A resposta é "nada". Encontrei vácuo.

E larguei as ferramentas no chão que não era mais relva molhada, de um jardim que afinal... se tratava agora ou sempre de um infinito branco. O chão branco. E nem paredes, nem tecto. Só infinito branco.

A montanha de rocha lá a deixei. Aberta até ao núcleo, tal como a larguei.
Deixei para sempre ou por momentos (não sei) aquele espaço infinito e segui num passeio curto.
Lá, ficaram apenas o infinito branco e a montanha de rocha aberta, esperando que o nada seja preenchido.

O caminho de volta poderá sempre ser feito. Porém outros jardins, outras cidades, outros campos existirão.
Mas Aquela rocha... Essa lá estará. E o caminho, o passeio que piso, esse, tem como sempre dois sentidos.

1 comentário: