Era uma vez um cavaleiro que não o sabia ser.
Um cavaleiro cheio de receios do mundo.
Um cavaleiro para "inglês ver".
Com medo de moinhos de vento,
De montes alados,
Receando vida sem tento,
O presente, os futuros, os passados.
Mas perdeu o seu cavalo.
Pôs os pés no chão
A vida deu-lhe um estalo,
Deixou-o numa estrada em contra-mão.
E sucumbiu.
Partiu.
Subjugou-se às chuvas do Inverno,
Chegou a cheirar o inferno,
Mas renasceu.
Tomou o lugar que era seu.
Descomungou-se da lama,
Olhou a chuva e o Sol de frente.
Reconheceu o quê e quem ama.
Com uma serra a passar-lhe rente.
Registou-se como cavaleiro,
No registo do seu saber,
Cravou o coração no inteiro
futuro sabendo desconhecer.
Sem cavalo e com os pés no chão,
Sabe que a lama não mais o matará.
Que no futuro não tem mão,
Sendo ele quem o criará.
Um cavaleiro é-o de verdade,
Guerreiro invencível,
Procura vencer a tenacidade
Do que sentira impossível.
Guerreiro invencível,
Não porque sempre vença,
Mas porque enfrenta o temível,
Sabendo que a vida não morre para quem pensa.
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